19 agosto 2013

O Limão Sebastião

Era uma vez um limão chamado Sebastião.

Quando tinha que acordar cedo passava o dia azedo.
Um dia se cansou da rotina... e de forma repentina... conheceu uma tangerina.

Com ela aprendeu coisas que nem sabia que existia.

Andou de pato no mato.
Fez um balão de bolha de sabão.
Cantou rock dentro de um sapato.
Escorregou numa fatia de pão.

Descobriu então, que tinha um coração.
E que não é só azedo o sabor do limão.

17 julho 2011

Álbum

Ao cair da noite estava só
e preferiu não acender as luzes
Tateou o batente da janela e lá encontrou
seu velho tesouro, ou o que dele restou

Velhos sorrisos e roupas desbotadas
de um tempo breve e pungente
Que filtra dores e desilusões
que determina relações

Reencontrou em si alguns prazeres
Estava lá, preso numa velha canção

Cantou até perder a voz
e viu que não se perdeu
Sentiu falta de nós
e agradeceu a Deus

24 maio 2011

Maduros

categoria: Poesia
Pobres humanos
tão frágeis em suas armaduras
de carne e de afeto
de pura mentira

Corajosos quando convém
dormem querendo bem
Acordam negando tudo

Tudo que fora planejado
esquecendo o sentido nato
Por isso choram

Depois amam,
os amigos e a bebida
A inocência perdida

07 janeiro 2011

Musa

categoria: Poesia
Não tem jeito,
tem gente que é do mundo
e não se dá conta que é o mundo de alguém
Tem coisa que crava na alma
e serve de eterna inspiração

13 dezembro 2010

Amorada

categoria: Poesia
Se a campainha não tocasse tanto
viveriamos em paz no nosso canto
Amolando nossas vontades
inventando novas cidades

Lembrei de quando deixei tudo torto
você secava o cabelo lá fora
Dizendo coisas pra me fazer de outro
Já sabia de tudo
e hoje ainda me namora

Sendo capaz de pular do terceiro
com menos coragem se fosse o primeiro
Capaz de nunca me abandonar
sair de casa sem celular

Viver em vanguarda
com a guarda baixa
Em miúdos, trocar fluídos
pra gente viver sem ruídos

28 setembro 2010

Eu em cartaz

categoria: Letra de música
Eu, à toa, preso nessa indiscutível solidão
me disfarço
Há tempos me sinto tão bem em te dizer que não
perdeu a graça

Aceite então por favor, aceite de coração
Minha satisfação em poder te olhar de perto

Pensando só na maldade
Maldizendo a saudade

Comecei a escrever e o caderno me engoliu
Pintou de sangue só, podia ser pior
De fato, o frio me corta e eu perco a conta
Da minha língua em sua boca
Do que te importa

Aceite então por favor, aceite de coração
Pisa neste chão feito pra gente se deliciar
Se acabar um ano inteiro

Vem que vai passar aquele filme
eu prometi ver com você

13 agosto 2010

Final

categoria: Poesia
Na soleira da porta ficou
só a silhueta contra o azul
"Meu Deus quanto tempo passou"
agora sentia-se nu

Devagar ao longe, o passo constrói
paciência tem de monte
Naquela velha jornada de herói
sabe onde o anseio se esconde

Olhou pra mulher uma última vez
e foi assim a cada segundo
Agora pra sempre se esvai

Enfim, caminhando vai

Deberg Comenta: O título real dessa é "Final do Ryu", rs.

03 junho 2010

Sem Pressa

categoria: Poesia
Eu decidi naquele dia parar de beber
pois já ficaria embriagado pra sempre
Nem no breu eu conseguiria esconder
estava marcado na mente, fluorescente
pra todo mundo ver

Que depois do sempre da semana passada
ficou ainda mais evidente
Nosso sempre tem grande escala
eu diria uns dez anos de sempre
Decrescente

E enquanto as luzes deixam rastros
no meu olhar exposto em demasia
Teu sorriso vem bem fácil
transmite mais do que alegria

Me cega, sem dó
E me deixa só
Cola em minha boca
tirando a roupa
Ainda assim, me deixa só

Vai fácil e não vem nunca mais
talvez o sempre fique pra trás
Então prometo te deixar em paz

Pra sempre

Deberg Comenta: Fiquei um tempo sem escrever, achei que fosse durar pra sempre, rs.

03 abril 2010

Chato Exemplar

categoria: Poesia
Nunca colou pra não reprovar
Nunca cantou pra não se envergonhar
Nunca bebeu pra não se embriagar

Nunca fumou por zelo pulmonar
Nunca juntou pra não ter o quê gastar
Nunca tentou pra não fracassar

Nunca questionou pra não desagradar
Nunca transou pra não engravidar
Nunca correu pra não se machucar

Nunca amou,
pra não se enganar

Assim nunca falhou
e deixou de ser humano
Viu a vida e se revirou
entre pedaços de pano

Mas nunca esqueceu
pro tempo não lhe matar
Sempre chorou
por não ter do que reclamar

12 março 2010

Avoado

categoria: Poesia
"Triste é comer alpiste"
Disse o passarinho
com a cauda em riste

Lamentando tudo que existe
Cercado num mundinho
seu lugar de ser triste

25 janeiro 2010

Já disse o quanto te acho linda?

categoria: Poesia
Num fim de tarde pude reparar
o teu sorriso perfeito
Inseguro ao me falar

Sobre as coisas mais chatas
pensando em mil coisas erradas
Tentando esconder o que pretendia
enquanto o reflexo te despia

Era sutil, mas era tanto

Cada vez que eu te olhava
o ar lhe faltava
E o desenho da sua boca
pelo meu toque implorava

Era tanta vontade ao passar do dia
que a gente quase explodia

Já disse o quanto te acho linda?

Deberg Comenta: Sobre as vontades que a gente tem de se declarar, quase todo dia.

16 dezembro 2009

Tá Limpo

categoria: Poesia
Hoje eu ri demais
ri como se tudo fosse engraçado
Ri como um condenado
condenado a rir pra caralho

Sóbrio e entorpecido, feliz
então esquecido de tudo que fiz
Dirigindo que nem um louco
achando tudo muito pouco
Pequeno demais perto do não
da minha própria negação

Foda-se cada choro
cada sorriso
Não ligo pro que tenho
só pro que preciso

Agradeço as horas de diversão
e sigo rabiscando o que vejo
com uma nova chance nas mãos

Deberg Comenta: Esse ano eu dei um reboot, tava tudo muito jogado. Agora me orientei, pro que realmente importa.

01 dezembro 2009

Melhor Tiro

categoria: Letra de música
Esforços se vão como as fichas do jogo
na minha febre de rolar os dados me estrago
Eu giro e as luzes dançam

Mandei seu nome guardar minhas tralhas
fui, consertei todas dobradiças, me mexi
Eu giro e as luzes dançam

Estou suando frio, me veja só
se gelo na cama, sou o que sou

Estou suando frio, me veja só
se a angustia não me alcança
Mantenho a esperança

Ah! de cada flor ter sua cara
minha cara, teu suor, meu anseio
Matar de vez essa agonia
pois de vadia o mundo tá cheio

26 outubro 2009

Lady Sin

categoria: Poesia
Numa noite dessas bem caladas
eu mergulhei num fio de chuva
E as raras palavras eram salvas
Pela via das bocas, da minha e da sua

De um lado pro outro,
do nada pra tudo
Do certo ao errado,
do claro ao escuro
Na mesa de canto um amor absurdo
No sangue a coragem
de um peito inseguro

Fez o que quis,
me guardou o cangote
Coçou o nariz,
ajustou o decote
De leve engolia minha falta de sorte
Rindo do meu desejo
que podia ser forte

Deberg Comenta: Tô no trampo e lá fora o maior pé d'água. Aproveitei pra escrever e esperar a chuva passar.

18 setembro 2009

E ainda gosta de rock

categoria: Poesia
Você não é tão diferente de mim
às vezes cala pra dizer que sim
No silêncio que fica se deixa levar
pra não se dar ao luxo de reclamar

De fato isso nem é muito ruim
é um jeito peculiar de ver a vida
Preguiça de explicar por que quis assim
se possível sorrir e forjar a saída

Me deixa assim, imaginando você
rindo enquanto eu não me movo
E viro de lado pra poder te ver
de vestido rosa, num cabelo novo

Todo arrepiado pelo vento
pedindo um toque
Na fumaça escapa aos dedos
tão nerd quanto eu
Traçando linhas no Photoshop

Deberg Comenta: Eu indo contra a idéia de que os opostos se atraem.

24 julho 2009

Evasiva

categoria: Letra de música
Supostamente te deixar
pra não ter mais pra quem voltar
Saber que só eu você tem som de deixa amanhecer

Não ter sua parte pra pagar
Recalcular sem você perceber, se ainda não já fez

Principalmente te calar
quando não pensa pra falar
Não ver minha cor nos olhos teus
pra não ficar gosto de adeus

Pro seu lazer não me julgar
Descarregar, deixar você saber, se ainda não percebeu

Que toda vez que eu me apaixono é por você
só não sei dizer

Suavemente desviar
o assunto pra não te assustar

Pra no fim de tudo você entender
os motivos que não tem
pra gente ficar bem
assim tão bem

Deberg Comenta: Nem sei o que dizer, só não sei dizer, rs

27 junho 2009

Certeza

categoria: Poesia
Certo seria viver numa redoma
Mas privar-me das sensações seria certo?
Seria certo se bastasse pra me salvar
e se não te despedaçasse certo seria

Certo ou errado seria justo
pois o que vale ficaria imune
E munido de sensações eu estaria
pra usá-las no que é errado, certo?

Só tenho certeza de que você iria me abraçar
um abraço tímido de quem gosta demais
E ainda faria de tudo pra me agradar
depois abusaria das caras de "tanto faz"

Deberg Comenta: Essa parece incompleta, mas é pra ser assim mesmo.

25 maio 2009

Frasco

categoria: Poesia
Tinha lá suas manias
tinha aqui os seus desejos
E o tempo todo se perdia
se afogando, se entretendo

Descobrindo um novo estado
o do sabor de ser amado
Com verdade e com repúdio
suspirando por um refúgio

Só queria saber quando vem
esse tal frio na barriga
E não ter o desprazer de descobrir o que tem
na contracapa da sua vida

Que tirou a minha, de leve
fazendo jus a cada sílaba de sofrimento
Por dentro de mim me persegue
já tendo a chave do meu apartamento

"Idiota e infeliz", é o que me diz
por só enxergar o lado bom das pessoas
Precisou me acordar e esfregar no nariz
aquelas tardes que nem foram tão boas

E a saudade que eu tinha era de nós
isso é o quê faz eu me amar ainda mais
Ao saber que o seu perfume que eu tanto desejei
era na verdade o meu, impregnado em você

Deberg Comenta: Segura os cotoco!

15 abril 2009

O quê houve?

categoria: Poesia
Acontece que eu não consigo mais pensar
chega nessas horas e tudo trava
A mente vai tão depressa e não chega a lugar algum
penso em você milhões de vezes
e penso nela também
e depois nela, e nela

As vezes penso no ódio
como infelizmente o compartilhamos
Se toda raiva já não está embutida
nas pequenas mentiras do cotidiano

É...se for pra pensar, esqueça que pode sentir
olhando bem, tudo pode ser diferente
você pode não existir, assim como ela

De repente você é essência, ela remorso
quando você é uma chaga, ela é conforto
Ambas não tem utilidade, talvez a outra tenha

Continuo tentando não lembrar, mirar meu pensamento
Tudo fica verde, depois vermelho, magra, morena
marcada, engraçada, suave e desbocada
Tento explicar e tudo me parece com nada

Acontece que só consigo formar aquela maldita palavra
Saudade

Deberg Comenta: Escrevi em cinco minutos, acho que dá pra perceber.

21 março 2009

Ano 86

categoria: Letra de música
Ela vem devagar
movida pelo meu ar
Ela é uma máquina

Modelo "Sempre no cio"
guiada pelo quadril
Quando acelera perde o freio e ferve até sair fumaça

Ela sabe dosar
maldade pura no olhar
e cara de santa

Não sabe quem vai chamar
mas sabe que hoje apronta
Se me ligar já sei que ela tá pronta
pra rodar mais uma vez
Cruzando a noite a torque de V6

uou uou uou uou uou uou uou ô
álcool pra aquecer
motor lubrificado

uou uou uou uou uou uou uou ô
acende o farol
que agora eu vou entrar no túnel
pra te completar

Sutilmente deixa escorrer
o sal que te já te fez ser
Minha menina ano 86

Deberg Comenta: Número cabalístico! hauhauah